quinta-feira, 9 de julho de 2009

Capítulo Trinta e Sete: e nenhuma nudez será castigada?


. pode a nudez ser um dispositivo de criação de vida? o que pode a nudez? onde encontrá-la? como desnudá-la? o que é a nudez do corpo? ela realmente existe? qual nudez é castigada? por que? em quem? pode a nudez ser uma palavra política? o que a nudez mostra do corpo e no corpo que o corpo tanto esconde? .

terça-feira, 19 de maio de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Capítulo Trinta e Quatro: por Fernando Pessoa

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Não, não digas nada
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias
És melhor do que tu
Não digas nada, sê
Graça no corpo nu
Que invisível se vê
Não, não digas nada




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domingo, 5 de abril de 2009

Capítulo Trinta e Três: abstrações sobre contato improvisação e nudez

. da ponta do pé ao fio do cabelo . da epiderme ao osso . de cima a baixo . de lado a lado o corpo é movimento . o corpo vai buscando a dobra . buscando a curva . tornar-se côncavo convexo . tornar-se a borda . a lâmina . é engraçado encontrar a precisão do corpo no eixo dos centros . encontrar o encontro . saber passo a passo o que o corpo faz pra se mover sem pensar . fluido . flexível . desejante de movimentos . leve . e nu . porque é preciso a nudez do corpo . é preciso estar na presentidade das coisas pra que haja o movimento . é preciso estar cego do outro pra vê-lo . pra ver-se . contato a contato . trajeto certo de músculos e vértebras e pelos e pele e centros . há quem não entenda do contato falado . há quem dê conotações ao contato do corpo com o corpo . com o próprio corpo . com o corpo do outro . que se torna extensão do seu . na verdade não importa muito o contato definido e explicado . contato é contato . pele a pele ou olho a olho . os olhares também dançam . também conctam seus passos . também supõem e constróem suas bases firmes . seus tropeços escorregadios . mão com mão braço com braço ombro com ombro costas com costas corpo com corpo . é só fechar os olhos e correr pelo desconhecido . porque no medo de correr de olhos fechados descobre-se o medo do próprio corpo . porque o desconhecido não é o chão nem o mundo . mas o próprio corpo . o corpo que cansa de se desconhecer . que cansa de estar sempre no campo limitado das visões . dessa realidade ilusória . como as palavras . como as suposições e limitações do que somos . tão (in)concretos . tão (fr)ágeis . tão certeiros de (ir)realidades .

domingo, 29 de março de 2009

Capítulo Trinta e Dois: pra falar de movimento .

. pra que se dê ao corpo liberdade de ser corpo . em movimento . flexível . indizível . impreciso . indeciso . em suas formas nitidamente abstratas . em sua concretude embaçada . dar ao corpo possibilidade de ganhar espaço . de dançar em si mesmo . e às vezes . até mesmo sem música alguma . e se perder num respirar que se compõe com suas notas musicais imaginárias . i(ni)magináveis . e se permitir tropeçar . e cair . em si mesmo . por si mesmo . criar-se em um corpo que se cria novo . pra que tudo se dê em formas diferentes . criar-se . com a permissão do contraditório . do frágil . do permeável ao permissível . perecível . limite impreciso de ser qualquer coisa que seja . um corpo sem nome . sem órgãos . perdido em seu signo . em seu símbolo . em seu rito . em seu mito . perdido em seu nome . codinome . nômade . sem territórios . perverso . disperso . sem fundamentos . fluxos contínuos . d e m o v i m e n t o à m o v i m e n t o .

Capítulo Trinta e Um: Palavras pra falar do tempo pra falar do corpo .

.

o corpo é

passagem,
passeio,
passageiro,

o corpo

passa,
em passos
pelo descompasso
dos ponteiros,

jamais
se finca,
fixo
na finalidade de um tempo
sem finitude,

traga-me um corpo
que não acaba,
pálido
em poros
que se fazem paredes,

o corpo
pede
que a vida
seja flexível
como a pele,

.

Capítulo Trinta: Palavras pra não falar do corpo .

.

meu corpo é uma palavra inexata
que permite embaralhar-se em si mesmo
para não ser dita
as letras em si não importam
e não se importam
o que importa
é a sensação de ver
p
e
s
c
o
ç
o
tornar-se cintura
da faringe tornar-se a
c
o
l
u
n
a
incerta
certa de carregar bem ao meio
uma garganta
com nitidez de umbigo

não faz sentido
eu sei
na verdade
nada parece fazer sentido

mas meu corpo é palavra que não se pontua
mas que pousa no mundo
assim como as palavras
no vento...
e como estas,
meu corpo vai...
sem rumo e sem sentido
fazendo de mim um texto sem nexo
espelho com milhões de reflexos
palavra viva
que se aprende nova
a cada dia
e que aprende todo dia
um novo jeito de ditar-se
meu corpo é ditadura da linguagem
meu corpo se perde em suas margens
não sei onde começo
não sei onde termino
e talvez
seja isso...
não termino nunca...
meu corpo se
dissssssssolve
em
ssssiiii
mesmo
meu corpo
tem o peso de silêncios
forma opaca de gritos secos
presos
na prisão que se faz a pele
com seus poros soltos
intocáveis
como as
l
e
t
r
a
s

.