terça-feira, 4 de novembro de 2008

. Capítulo dez: um corpo, uma fenomenologia...


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Temos também o corpo na experiência fenomenológica ligada à Edmund Husserl. Esta linha valoriza a experiência vivida sob o lema da intencionalidade e a consciência é consciência de algo. O autor retoma o momento da meditação cartesiana do corpo como “meu”. O que se firma nessa linha é o “corpo como lugar complexo de meu combate com o mundo” (Op. Cit., p. 05).

Sartre cita que “ele (meu corpo) de modo algum é uma adição contingente a minha alma, mas, ao contrário, uma estrutura permanente do meu ser e a condição permanente de possibilidade de minha consciência como consciência do mundo e como projeto transcendente em direção ao meu futuro”. Para Heidegger em “Ser e Tempo” a “realidade humana” se caracteriza como “o ser no mundo”, “meu vínculo com outrem é primeiro e fundamentalmente, uma relação de ser a ser, e não de conhecimento a conhecimento.” Assim concorda Sartre ao dizer que “ a característica de ser da realidade humana é a de que ela é seu ser com os outros” (Op. Cit., p.06).

Merleau – Ponty relativiza as noções de alma e de corpo de tal modo que um corpo em certo grau seria alma para outro corpo precedente. “O corpo em geral é um conjunto de caminhos já traçados, de poderes já constituídos, o solo dialético já adquirido sobre o qual se opera uma formação superior, e a alma é o sentido que se estabelece então” (Op. Cit., p.06). Há aqui a idéia de corpo próprio, pois implica a reflexividade de um sentir que sente a si próprio. “Reforça-se aqui a idéia de percepção como o ato que nos faz conhecer existências” (Op.Cit., p.06). Ressalta-se a natureza enigmática do corpo próprio onde o corpo “não está onde está”, onde ele “não é o que é”, pois o corpo sai de si, vira corpo próprio, porque não se atém a uma composição natural que seria a de partes exteriores umas às outras reunidas por relações causais.
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