terça-feira, 4 de novembro de 2008

Capítulo vinte e dois: "Vida Nua, Vida Besta, Uma Vida"


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Peter Pál Pelbart (2006) em seu artigo “Vida Nua, Vida Besta, Uma vida”, cita que o biopoder pode nos transformar em meros sobreviventes se reduzirmos a existência ao biológico. O autor ressalta que ao poder sobre a vida responde a potência da vida, ao biopoder responde a biopotência e tanto o biopoder como a biopotência passam necessariamente pelo corpo. O autor ressalta o superinvestimento do corpo que caracteriza nossa atualidade e afirma um eu que se torna o corpo. “A subjetividade foi reduzida ao corpo, a sua aparência, a sua imagem, a sua performance, a sua saúde, a sua longevidade. O predomínio da dimensão corporal na constituição identitária permite falar numa ‘bioidentidade’ ” (Op. Cit., p.05).

Neste mesmo artigo o autor cita Jurandir Freire Costa (2004) que fala sobre a obsessão pela perfectibilidade física, transformadas e anunciadas por próteses químicas, genéticas, eletrônicas, mecânicas e diz que esta compulsão do eu buscando o desejo do outro por si acontece através da idealização da imagem corporal modificada com mutilações etc. abraça-se voluntariamente a tirania da corporeidade perfeita para um gozo sensorial que imediata torna ainda mais surpreendente o seu custo em sofrimento (Op. Cit., p.06).

Pelbart (2006), fala do cuidado de si ou a bioascese e afirma que “o nosso cuidado visa o próprio corpo, sua longevidade, saúde, beleza, boa forma, felicidade científica e estética” (OP. Cit., p.06). O autor qualifica este corpo como um corpo fascista. Ressalta um corpo que se tornou também um “pacote de informações, um reservatório genético, um dividual estatístico, com o qual somos lançados ao domínio da biossociabilidade”. Com essa caracterização do corpo o autor registra uma vida biologizada e justifica afirmando que “reduzidos ao mero corpo, do corpo excitável ao corpo manipulável, do corpo espetáculo ao corpo automodulável, é o domínio da vida nua. Continuamos no âmbito da sobrevida, da produção maciça de ‘sobreviventes’, no sentido amplo do termo” (Op. Cit.,p.06).
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