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No texto Vida Nua de Giorgio Agamben (2002), onde ele discorre sobre a vida em campos de concentração para exemplificar modos de politização da vida e modos de vivenciar a nudez do corpo como regra do soberano. Ele fala sobre uma política que constitui o fundamento do totalitarismo que faz da vida e a política se identificarem. Ele afirma em seu texto que o campo é o espaço biopolítico mais puro, pois o que este campo tem diante de si é a vida nua, a pura vida, sem nenhuma mediação. “A essência do campo consiste na materialização do estado de exceção e de um espaço onde a vida nua e a norma entram num limiar de indistinção” (Op. Cit., p.64).
Segundo Agamben (2002) a cisão entre o fato da vida e as formas de vida fundam o poder ao isolar algo como a “vida nua”, objeto a um só tempo de exclusão e inclusão, submetido ao soberano e ao seu arbítrio. O autor fala de expressões que exercem certo domínio sobre a vida nua assim como da redução das formas e ao fato da vida. Ele cita a medicalização das esferas da existência, as representações pseudocientíficas do corpo, da doença, da saúde, etc.
“Não só vivemos em um estado de urgência que o poder tem interesse em manter e explorar, para justificar-se e intensificar-se, mas ao mesmo tempo a vida nua, que desde sempre foi o fundamento oculto da soberania, tornou-se norma, e é precisamente o que merece ser pensado” (AGAMBEN, 2002, p.61).
O autor citado acima afirma que a politização da vida nua aparece como o evento decisivo da modernidade. A vida nua estaria na intersecção entre dois modelos de poder como o jurídico-institucional e o biopolítico. “A implicação da vida nua na esfera política constitui o núcleo originário do poder soberano.” A produção de um corpo biopolítico é a contribuição original deste poder soberano (AGAMBEN, 2002, p.61).
O autor mostra os regimes políticos contemporâneos de um ponto de vista histórico-filosófico apoiando-se sobre o conceito de nu. O que caracterizaria a democracia moderna seria esta tentativa de transformar a vida nua em vida qualificada, onde se coloca a liberdade e a felicidade no ponto exato da própria submissão. Agamben (2002) afirma também a indistinção da vida natural da vida politicamente qualificada realizada por uma política nazista, como se essa política separasse a vida nua das formas de vida para subsumir as formas de vida à vida nua.
O autor citado acima afirma que a politização da vida nua aparece como o evento decisivo da modernidade. A vida nua estaria na intersecção entre dois modelos de poder como o jurídico-institucional e o biopolítico. “A implicação da vida nua na esfera política constitui o núcleo originário do poder soberano.” A produção de um corpo biopolítico é a contribuição original deste poder soberano (AGAMBEN, 2002, p.61).
O autor mostra os regimes políticos contemporâneos de um ponto de vista histórico-filosófico apoiando-se sobre o conceito de nu. O que caracterizaria a democracia moderna seria esta tentativa de transformar a vida nua em vida qualificada, onde se coloca a liberdade e a felicidade no ponto exato da própria submissão. Agamben (2002) afirma também a indistinção da vida natural da vida politicamente qualificada realizada por uma política nazista, como se essa política separasse a vida nua das formas de vida para subsumir as formas de vida à vida nua.
A vida nua, não pode ser pensada como um estado biológico natural, existindo naturalmente para depois ser anexada à ordem jurídica pelo estado de exceção. Não podemos regressar para aquém da vida nua produzida pelo campo, nem superá-la com um conceito qualquer de corpo prazeiroso ou glorioso. O autor diz ser preciso “fazer da própria vida nua, o local em que constitui-se e instala-se uma forma de vida toda vertida na vida nua, um bios que é a sua zoé: só quando a vida deixar de ser concebida como um mero fato poderá tornar-se leque de possibilidades, variação de formas de vida.
Valérie Mérange (apud AGAMBEN, 2002) cita que em relatos literários de sobreviventes do campo são mostrados signos de uma afirmação vital e política. Não que essa vida que parece nua e animal seja bela, “mas que ela só é nua em aparência, pois já é sempre composição de relações, amizades intensas, vida viva, natureza naturante, força produtora de formas de vidas, de estratégias, de avaliações. Até o silêncio, a recusa de falar ou de se alimentar já pode ser expressão de uma riqueza de relações. Quando é designada pelos poderes como vida nua, desprovida de toda qualificação que a viria proteger, a vida não tem escolha, para resistir, senão pensar-se para além do julgamento a si mesma, recusando toda autoridade. A vida nua já não se submete a uma soberania que lhe é exterior, e afirma a sua própria” (MÉRANGE apud AGAMBEN, 2002, p.67).
Diante deste leque de informações sobre a redução biopolítica das formas de vida à vida nua Agamben (2002) desafia a questão de como extrair da vida nua formas-de-vida quando a própria forma se desfez, e como fazê-lo sem reinvocar formas prontas, que são o instrumento da redução à vida nua? Trata-se aqui de repensar o corpo do informe, nas suas diversas dimensões.
O autor cita que do interior do que poderia parecer a vida nua reduzidos pelos poderes, soberanos, biopolíticos, disciplinares ou não, é expressado nestes personagens uma vida, singular, impessoal, neutra. Trata-se de uma vida que não carece de nada, que goza de si mesma, em sua plena potência, vida imanente como diria Deleuze.
Valérie Mérange (apud AGAMBEN, 2002) cita que em relatos literários de sobreviventes do campo são mostrados signos de uma afirmação vital e política. Não que essa vida que parece nua e animal seja bela, “mas que ela só é nua em aparência, pois já é sempre composição de relações, amizades intensas, vida viva, natureza naturante, força produtora de formas de vidas, de estratégias, de avaliações. Até o silêncio, a recusa de falar ou de se alimentar já pode ser expressão de uma riqueza de relações. Quando é designada pelos poderes como vida nua, desprovida de toda qualificação que a viria proteger, a vida não tem escolha, para resistir, senão pensar-se para além do julgamento a si mesma, recusando toda autoridade. A vida nua já não se submete a uma soberania que lhe é exterior, e afirma a sua própria” (MÉRANGE apud AGAMBEN, 2002, p.67).
Diante deste leque de informações sobre a redução biopolítica das formas de vida à vida nua Agamben (2002) desafia a questão de como extrair da vida nua formas-de-vida quando a própria forma se desfez, e como fazê-lo sem reinvocar formas prontas, que são o instrumento da redução à vida nua? Trata-se aqui de repensar o corpo do informe, nas suas diversas dimensões.
O autor cita que do interior do que poderia parecer a vida nua reduzidos pelos poderes, soberanos, biopolíticos, disciplinares ou não, é expressado nestes personagens uma vida, singular, impessoal, neutra. Trata-se de uma vida que não carece de nada, que goza de si mesma, em sua plena potência, vida imanente como diria Deleuze.
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