terça-feira, 4 de novembro de 2008

Introduções:

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Este espaço tem uma proposta de invenção. Invenção que nos permite trazer diversos cruzamentos entre territórios que de início não parecem ter muitas relações. Aqui, teremos muitas vezes importantes encontros entre a Ciência, a Arte, a Filosofia. Assim como, mais especificamente, entre a Psicologia, a Cartografia e a Fotografia. Estamos enfatizado a importância de um olhar aguçado e sensível para produções de conhecimentos, sendo assim, por que não falar sobre Fotografia? Por que não falar deste dispositivo usado como método válido para a ciência e para a arte? Aqui falar de fotografia é também abordar como o corpo pode se apresentar em determinados modos de sua fabricação. Talvez seja importante abordar a importância de um olhar aguçado sobre o mundo e a validade deste olhar para a produção de conceitos.

Fica difícil na Contemporaneidade definir qualquer tipo de conceito de uma maneira que não haja flexibilidade. Por esse motivo, fica permitido ser colocado todo tipo de invenção de conceitos como válido.

Este espaço não tem pretensões de invalidar a ciência nem desvalorizá-la em sua funcionalidade, mas, com a permissão da mesma, questioná-la para que seja possível trazer novos olhares sobre seus objetos de estudo. Queremos questionar o seu papel enfatizando a possível ideia de que esta última, também seja produção de subjetividade, produção de desejo e de existências para uma possível desterritorialização de um positivismo tão questionável. O objetivo deste espaço é ir do corpo ao corpo. Entender o seu modo de produção macro e micropolítica de seu movimento de expansão.

O corpo aqui, é cartografado a partir do dispositivo fotográfico junto ao bibliográfico. Percorremos ontologicamente sobre o seu conceito onde percebe-se a construção do corpo pelo próprio corpo. “Ir do corpo ao corpo” nos proporciona possibilidades de desconstrução tanto de seu conceito como no modo como este é estudado nas ciências humanas.

Esta possibilidade de encontro entre o campo da fotografia e da psicologia com o corpo nos permite discorrer sobre a possibilidade de poder relacionar conceitos como produção de subjetividade, Corpo sem Órgãos, corpo pós-orgânico e biopoder. Tal entrelaçamento nos proporciona variados questionamentos sobre o modo como o corpo é usado e produzido e como a psicologia pode atentar-se para tal conceito a fim de práticas sobre ele.

Este percurso nos proporciona a análise do humano a partir dos conceitos criados por ele mesmo, o que nos mostra a possível necessidade de discussão de conceitos junto à uma perspectiva como a cartografia, assim, podemos ter um outro olhar sobre o humano.


Seja no campo da linguagem, da saúde, do social, da clínica, da educação, no campo cultural, subjetivo, do saber, do poder, da política etc, encontra-se o corpo e suas relações, o corpo e seus encontros, o corpo e suas afetações, o corpo e suas produções. Dar lugar de importância ao corpo pós-orgânico e suas afetações é também entrar em contato com o corpo e suas produções. É entendê-lo em seu modo de produzir-se.

Questionar a produção do corpo contemporâneo, pode não nos dar necessariamente respostas, mas direcionamentos do que estamos nos tornando e o que gostaríamos de nos tornar. Talvez, um olhar sobre o corpo nos faça entender como estamos produzindo subjetividades e entrar em contato com este processo, é dar lugar de importância ao corpo em qualquer campo da psicologia. em qualquer campo da ciência e de qualquer teoria.

Entrar em contato com o corpo através do dispositivo fotográfico é trazer possibilidade de encontros e afetações, de produção de produção. E talvez a idéia da fotografia aqui seja produzir uma imagem de um corpo cuja sensibilidade é questionada. Um corpo que não tem mais um olhar interior sobre o mundo. Sobre si mesmo.Fazer um passeio pelo corpo através de bases teóricas e epistemológicas como as que são trazidas aqui, nos permite entrar em contato com um corpo que segundo Peter Pál Pelbart já “não agüenta mais”. Não agüenta mais ser coagido seja pela biopolítica, seja pelas produções de desejo do próprio corpo, seja por seus desejos estabelecidos...

Se vivemos num mundo de imagens e de corpos que buscam ser a imagem perfeita, podemos destacar talvez a possibilidade de um ética e uma estética em cima da produção imagética como a produção corporal, onde o “eu que encontra-se no corpo” como diz Pelbart, também se encontra como mera mercadoria.

Trazer o corpo nu em imagens fotográficas e não abordar a sexualidade, o erotismo ou a pornografia, talves seja entrar em contato com o corpo sem suas “formas” sócio-culturais. Aqui a nudez é o órgão aparente que o compõe, que expressa o corpo como expressão de si mesmo. O corpo aqui é a sua própria linguagem. Não queremos aqui, interpretar o corpo ou ilustrá-lo, mas mostrá-lo para encontrá-lo. Por fim as imagens não são trazidas para uma conceituação da nudez, mas como experimentação para desterritorializações de conceitos, para produções de produções.


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